Amar sem preconceito 11







- Mas tu não tens culpa pelo que aconteceu, Jéssica.- Repetia o JP vezes sem conta depois de eu lhe ter contado o que se tinha passado.
- Não sei se estas a perceber.
- O que? Calma, respira, limpa as lágrimas e fala.
- Eu eu JP, eu não, não ela, não podia ter sido.
- Eras tu o que?
- Que devia ter morrido no lugar dela João.
- Cala-te não digas asneiras.
- Quais asneiras, ela era perfeita percebes.
Ele estava calado perplexo a ouvir-me.
- Toda a gente gostava dela, era perfeita, tinha boas notas, não fumava estas merdas que eu fumo, acho até que nunca apanhou sequer uma bebedeira, era ela que ajudava a minha mãe na cozinha, era ela que ouvi o meu irmão quando ele tinha algum problema, era com ela que o meu pai discuti os assuntos mais importantes da familia, " a Ariana é a filha perfeita, parece uma mulher crescida, como tenho orgulho nela", repetia muitas vezes o meu pai, era ela que me apoiava, que me dava conselhos, não sou nada sem ela nada mesmo nada, ela era linda, enquanto eu não, nunca precisou de maquilhagem para disfarçar nada, sempre quis ser como ela, ela sempre foi um ídolo para mim, era a preciosidade de toda a gente, os seus cabelos encaracolados pretos sempre bem definidos presos num belo laço, os seus vestidos de menina inocente que usava sempre, a sua pele branca e os seus lábios encarnados, era perfeita. E eu é que devia ter morrido não faço falta a ninguém.
Ele agarrou-me pelos colarinhos, abanou-me e gritou.
- Olha para mim, NUNCA MAIS TE QUERO OUVIR DIZER ESSAS M*RDAS PERCEBES-TE.
Por momentos tive medo dele, as minhas lágrimas que estava já seca voltaram em força, ele agarrou-me e abraçou-me.
- Eu adoro-te, fazes muita falta minha tota, e não ela não era perfeita.
- Afastei-o, tu não a conhecias.
- Imagino, não há ninguém perfeito, minha linda.
Passamos o resto da noite juntos, ele sempre me dizendo coisas lindas como antes o sentimento ainda estava ali eu sabia-o.
Cheguei a casa perto da 1da manhã, mal entrei no quarto a minha mãe veio ter comigo.
- Posso Jéssica.
- Ainda não estas a dormir?
- Vim só a casa de banho. Como correu a tua noite?
- Bem.
- Tiveste a chorar?
- Hoje entrei no quarto da Beatriz...
- Oh filha tem de ser, a vida continua.
- Mãe posso te fazer uma pergunta?
- Era muito melhor que fosse eu morrer em vez dela, não era?
- Mas de onde tiraste essa ideia?
- Eu sinto.
- Filha a mãe ama-te muito, a ti, a ela e ao mano. Não te quero ouvir dizer mais isso.
- Eu vejo o sofrimento que tens passado, e preferia não estar aqui para ver, tento fingir que não vejo, mãe eu nunca te vou deixar.
- Eu sei meu amor, a tua irmã era muito especial, assim como tu o és.
Deu-me  um beijo e dirigiu-se à porta.
- Ah é verdade Jéssica, a Beatriz esteve cá.
- O que? A fazer?
- Disse que vinha ver se estavas por cá, queria sair contigo, diz que te ligou mas não atendes te.
- Eis, esqueci-me do telemóvel, e tu que lhe disseste?
- Disse que foste sair com o João Pedro, ainda lhe disse se ela queria esperar, mas mal disse isso ela saiu apressada.
- Ei fogo.
- Que foi?
- Não devias ter dito nada, mas deixa lá.
Esta noite ia sonhar com a minha querida irmã, tinha a certeza, mas iria ter um novo problema, aposto que a Beatriz se ia passar. 

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