Vidas Cruzadas 37

***Catarina ***

Levou-me para a casa dele, estacionou a mota e subimos sem falar.
- Filipe: Não te preocupes os meus pais não estão em casa tão cedo, aqui estamos a vontade para falar, vou fazer um lanche.- Disse ele pousando o capacete e tirando a mochila, preparava-se para abrir o frigorífico, quando comecei a falar.
- Catarina: Filipe, eu estou grávida.
- Filipe: O que? Estas a brincar?
- Catarina: Não.- Disse eu dissimulando uma lágrima que me acabava de escapar.- Dois meses, estou com dois meses.
- Filipe: E agora?
- Catarina: Agora vou ter um filho. Daqui a uns meses toda a gente me olhará de lado e comentará, olha que desgraça tão nova. Mas eu não me importo, que falem. Quero la saber.
- Filipe: E depois de teres o bebe?
- Catarina: Depois, depois não sei. Talvez vá trabalhar de dia, e estudar de noite, talvez fique em casa com ele, talvez continue na escola, não sei o que me espera.
- Filipe: aihh miúda no que te foste meter. Olha lá e a tua mãe já sabe?
- Catarina: Sim, e a minha irmã também, e estão a dar me todo o apoio delas.
- Filipe: E o Marco?
Se me estava a custar a falar então agora as lágrima começaram a cair todas seguidas compulsivamente, suspirei, limpei as lágrimas, sentei-me e comecei.
Catarina: Tem sido tão dificil. Ele acha que isto é um erro, porque pode ser preso,ou na melhor das hipóteses nunca mais dar aulas na vida. Ele quer que eu aborte e eu recuso-me. Desde que lhe contei que tava grávida ele disse-me isso, então desde ai não voltamos a falar, custa tanto estar todos os dias a olhar para ele, já nem sei o que sinto, ele quer matar o nosso filho. Isso não pode acontecer.
- Filipe: Que horror, como é possível, ele é louco. Não te preocupes eu estou aqui.- Fez-se silêncio, começamos a lanchar, ate que ele falou novamente- Queres que eu seja o pai do teu filho? Posso assumir a paternidade, e irei  trata-lo como se fosse meu filho único, irei tomar conta de vos os dois.
- Catarina: É a coisa mais linda que já me disseram. Não posso aceitar. Desculpa mas não, não tens de fazer isso por mim, irias estragar a tua vida. Mas acho que já arranjei um padrinho.
- Filipe: Claro, irei tratar muito bem do meu afilhado, ou afilhada.
Na primeira consulta foi o Filipe que me acompanhou, o médico pensou que fosse o pai, mas deixei bem claro que não. Eu no fundo sei que ele gosta de mim, e desde pequeninos que é assim, e por isso mesmo não tenho o direito de me aproveitar dele. Agora só falta contar ao meu pai que vai ser avó, vai ser lindo.

Continua