Vidas Cruzadas [Parte 15]




Claro que resolvi entre-vir, assim que me pôs no meio dos meus pais, e pedi para que parassem com aquela gritaria, e com as agressões, assim que me pôs no meio dos dois, o meu pai tentou aproximar-se da minha mãe para lhe bater novamente, eu empurrei-o tentando impedir, ele com os seus nervos, deu-me um estalo, com tanta força que eu caí no sofá, levantei-me e gritei-lhe que era um monstro, corri para o meu quarto, e tranquei a porta, as lágrimas não tardaram, senti um enorme nojo do meu pai, e naquele momento odiei-o tanto, o meu pai era um herói para mim, ele era meigo, levava-me a ver o Porto ao estádio, íamos ao cinema juntos, aprendi a andar de Kart com ele, mas desde a saída da minha irmã, que ele mal falava comigo, só discutia, e a sua forma de comunicação passou a ser os gritos, com a minha mãe nem se fala então, e esta foi a primeira vez que ele me bateu, fui ver-me ao espelho do meu quarto, tinha a mão dele desenhada na minha cara, estava a começar a inchar, comecei a chorar compulsivamente, abri uma gaveta e retirei uma tesoura, limpei as lágrimas, apontei a tesoura no meu pulso e auto-mutilei-me, ate começar a ver o sangue a sair, e a dor que sentia dentro de mim acalma-se, quando parei tinha o pulso e meio braço em sangue, e uma enorme poça de sangue no chão, deitei-me na cama, pôs os phones e assim adormeci.
- Madalena: Catarina abre a porta, Catarina, abre.
- Catarina: O que foi?- Disse eu acabando de acordar.
- Madalena: Abre a porta por favor filha.
Decidi abrir, mas antes limpei o sangue que já estava seco no chão. Abri e voltei a deitar-me na cama, ela própria voltou a fechar a porta, e sentou-se ao meu lado na cama.
- Madalena: Filha, sabes que as coisas não estão fáceis entre mim e o teu pai, começo a achar que é melhor ele sair de casa.
- Catarina: Sair de casa mãe? Olha sabes que mais, se é para isto tens razão, isto não é um pai, não é um marido, e eu sei que já não foi a primeira vez que ele te bateu, e agora bateu-me a mim.- Saltou-me uma lágrima.
- Madalena: Catarina, o teu pai gosta muito de ti, ele não te queria bater.
- Catarina: Mãe ele já nem na cama dorme contigo, ele já te começou a bater, porque o continuas a defender?
Ela agarrou-se a mim, a chorar compulsivamente. Nessa noite o meu pai não dormiu em casa, a minha mãe dormiu comigo. No dia seguinte, por muita pena minha tive de deixar a minha mãe só para ir a casa das gémeas, uma vez que a nossa peça de teatro era no dia seguinte, e tínhamos combinado acertar uns pormenores na casa delas. Acabei por passar o dia com elas, com o Tiago, o Ricardo e o Filipe, que também veio ter connosco, o que me fez esquecer os meus pais. Quando cheguei a casa eram perto de 11 da noite, já o meu pai estava a dormir no sofá, não queria falar com ele, assim que não fiz barulho nenhum, e deite-me, adormeci logo. No dia seguinte era o dia da peça e eu era a personagem principal, estava tão nervosa, acordei com o sol a bater-me na cara, bem antes do despertador dar sinal de vida, assim que tomei um banho, preparei-me, comi algo, sem falar com o meu pai claro, e desci as escadas e esperei pelo Filipe, como sempre, mas ele nesse preciso dia atrasou-se um bom bocado, assim que quando cheguei ao balneários para trocar de roupa, já as minhas colegas estavam todas reunidas no local onde iria ser feito o espectáculo, ao entrar para o balneário vi o Marco, assim que lhe fiz um gesto para vir ali, mas ele fez-me sinal para esperar, comecei a vestir-me para a peça, e quando estava a maquilhar-me no espelho, vi o seu reflexo a aproximar-se, chegou-se bem pertinho de mim, eu virei-me para ele e ele deu-me um beijo na testa.
- Marco: Olá miúda, muito nervosa a nossa estrela?
- Catarina: Um pouco, tenho algo para te contar, o Vasco foi preso, e vai aguardar julgamento  em prisão, que será dentro de em breve.
- Marco: Ainda bem fico feliz por ti. Olha tenho de ir, ve se te despachas.- Dirigindo-se à porta de saída do balneário.
- Catarina: Não me desejas boa sorte?
Ele trancou a porta com a chave, veio em direcção a mim, mas uma vez eu estava ao espelho, quando o vi tão perto, virei-me logo, ele aproximou-se o mais possível a mim, e beijou-me, foi um beijo tão forme e suave e tão apaixonado ao mesmo tempo colocou suas mãos no meu pescoço, e foi descendo ate ao meu rabo, pegando em mim, e colocando-me em cima do lava-mãos, continuando-me a beijar, de uma forma descontrolada e ao mesmo tempo apaixonada, quando parou, pegou em mim e pôs-me no chão.
- Marco: Desde que te vi que ansiava por isto, se quiseres logo as 9 da noite, estou a tua espera naquele parque perto de tua casa, boa sorte miúda especial.- Quando acabou de falar deu-me um pequeno beijo nos lábios. E viu desaparecer por aquele balneário, ficando eu a pensar se teria sido real ou só um sonho, estava feliz.


continua

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