Vidas Cruzadas [Parte 35]

Catarina




Perguntaram-me logo o que se tinha passado, limitei-me a dizer nada, e fui tomar banho, quando saí do banho tinha a minha mãe no meu quarto, pregou-me um grande susto.
- Catarina: Ao menos podias ter dito que estas aqui.
- Mãe: Catarina, sabes que és o meu orgulho filha, aconteça o que acontecer eu estarei aqui. Sei que se passa algo, mas não queres falar, quando te sentires preparada para falar podes falar com a mãe e a tua irmã.
- Catarina: Mas mãe.....(não se passa nada, era o que ia dizer), obrigada mãe.- Respondi eu abraçando-a.
O jantar foi calmo, ambas sabiam que eu não estava bem então não fizeram perguntas. Ao fim de estar tudo arrumado fui para o meu quarto, liguei o pc, e fui ao facebook e ao msn, mas em nenhum deles o Marco estava online, o meu telemóvel também ainda não tinha dado sinal de mensagem nem de chamada, apetecia-me chorar e chorar, sentia-me perdida, sentia-me desprotegida, no meio de uma complicação que eu não era capaz de resolver sozinha, tentei distrair-me e pós música no pc, abri a janela do meu quarto, estava uma noite azulada, quase que se conseguia ver, parecia dia, o céu estava estrelado, estava uma bela noite para sair, mas isso nem me ocorria fazer-lo, sentei-me no parapeito da janela, a ouvi música e acendi um cigarro, e prometi este é o meu ultimo cigarro, não vou fumar nem beber álcool durante a minha gravidez, pensei para mim, lembro de quando eu e o Marco demos o nosso primeiro beijo, foi nos balneários da escola, enquanto eu me arranjava para fazermos uma peça de teatro onde eu iria representar uma jovens adolescente grávida, e o nosso beijo foi mesmo antes de ir para o palco, como a vida é irónica, agora estou realmente grávida. Passava pouco da 00:05 h quando me deitei, liguei o meu ipod, e pôs os auriculares para não pensar em nada, ou então para não ouvir os meus pensamentos e assim adormeci.
      Hoje é sábado, acordei à pouco e fui buscar o pão quentinho, quando entrei estava a minha mãe e a minha irmã a preparar o leite, juntas acabamos e tomamos o pequeno almoço. Quando acabamos, pensei é agora, suspirei bem fundo.
- Catarina: Tenho uma coisa para vos contar.....e...eu......euu estouu..humm estou... hummmmmmm.....eu estou grávida.
- Mãe: Tens a certeza do que estas a dizer Catarina?
- Catarina: Tenho mãe, se não estivesse não ia estar a brincar com um assunto tão sério não achas?
- Teresa: Tem calma, Catarina, a mãe só te fez uma pergunta. Como é que isso aconteceu?
-Catarina: Oh Teresa, por acaso não queres que te faça um desenho de como se faz um bebe pois não?
- Mãe: Catarina, vê la como falas com a tua irmã, não me parece que estes em posição para estar a atacar as pessoas que mais te amam filha.
- Catarina: Desculpem, a serio, eu estou muito nervosa, não sei para que lado me virar, não sei o que fazer, desculpem, não queria ser mal educada.- Disse eu começando a chorar.
- Mãe: Para te dizer a verdade eu já desconfiava filha, não te quero nervosa, não faz nada bem ao meu netinho ou netinha.
- Catarina: Como é que já sabias mãe?
- Mãe: Querida, uma mãe sabe tudo acerca do seu filho, mesmo que pareça que ande muito distante, os teus enojou-os contínuos, as tuas dores de cabeça, a tua anca alargou, os peitos estão mais sobressalentes, os teus vómitos, quando descobri que estava grávida de ti também comecei assim, e passou-me pela cabeça que estivesses gravida, a tua felicidade, andavas no mundo das nuvens, derepente, ontem levantaste-te mais cedo, sim eu reparei, estives-te imenso tempo na casa de banho e saíste muito cedo e rápido de casa, e à noite voltas-te naquele estado. Era só juntar dois mais dois, eu sei que trabalho muito, mas ando sempre com a atenção virada para ti.
- Teresa: E o pai do bebe já sabe?
- Catarina: Sim, e não me apoiou, pensa que engravidei porque quis sei lá.- Calei-me, mas tinha de lhes contar. - Ele quer que eu aborte.
- Mãe: Mas que espécie de pai que quer matar o seu filho?
- Teresa: E tu mana, o que queres?
- Catarina: Eu vou ter este filho, quer ele queira quer não, vai ser duro, mas jamais mataria um filho meu. Quer, quero que vocês me ajudem na gravidez e nos primeiros tempos do bebe.
- Mãe: Filha eu estou do teu lado, tudo que precisares já sabes, eu e a tua irmã estamos aqui. Acho que devias contar ao teu pai. E já agora, será que posso perguntar quem é o pai do teu bebe?
- Teresa: Sim, podes contar comigo,  já percebemos que ainda não estas preparada para contar quem é, mas quando ao nosso pai, sim acho que tens mesmo de contar ao pai, se ele souber por terceiros vai ser pior.
Não sei se irei ter coragem, começo a ficar com vergonha, sinto-me pequenina, e como se tivesse acabado de fazer uma asneira mesmo muito grave. Não não, eu já não sou uma criança, tenho já quase 17 anos, e amar não é pecado, não tenho culpa por amar um homem muito mais velho.


Continua

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