Amar Sem Preconceito 16



Dentro da gaveta da Ariana estava uma fotografia, estava virada ao contrario, rodeia e olhei para ela. O meu coração gelou, o meu sangue parou quando vi a fotografia do JP, era uma fotografia num quarto em que ele estava em sentado na cama sem camisola com um belo sorriso, aquele sorriso que eu conhecia tão bem, que me era tão familiar. Notava-se que foi tirada por alguém muito próximo dele, pelo a vontade e também não era de um fotografo profissional. Não estou a conseguir assimilar as coisas, mas que raio faz esta fotografia aqui? Eu sei que ele e a Ari eram amigos, mas daí a ela ter uma fotografia dele na gaveta vai uma diferença, algo me estava a escapar. Sentei-me na cama a observar a fotografia, as coisas não batiam certo, e eu não conseguia pensar, a minha atitude de o pedir em namoro, a discussão com a Beatriz, ele não me atender o telemóvel, eu vê-lo com outra e agora a foto, era demais para a minha cabeça. Peguei na fotografia guardei-a e saí de casa. Peguei na minha vespa cor de laranja e andei sem destino. Quando desliguei o motor da moto estava num bairro social, era ali que eu encontrava sempre algo para momentos como este. Não tinha medo de estar ali, já conhecia as pessoas que por ali passavam, passei a ser uma deles, se bem que o ambiente entre nós nunca fora o melhor, mas no fundo eu sabia que podia estar tranquila. Enquanto vagueava pelas ruas à procura de alguém, ouvi uma voz a chamar por mim.
- Jess.
- Pedras.- Gritei eu em forma de cumprimento.
Pedras era o "rei" do bairro, era ele que controlava a droga ali, e era disso que eu precisava, sabia que ele podia ser perigoso, mas eu não tinha queixa dele, foi ele que me apresentou a malta do bairro e que me trouxe para estes caminhos, conheci-o pouco depois da minha irmã morrer, e sempre foi impecável comigo.
- Então miuda, a quanto tempo não aparecias aqui.
- É verdade, olha precisava de uma cena.
- Uma cena?
- Forte, uma cena muito forte.
- Tou a ver, vem cá comigo.
Levou-me para um beco sem saída, e pôs um saquinho pequeno no bolso das minhas calças, e deu-me um beijo no pescoço. A minha respiração acelerou-se de imediato, ele pegou noutro saquinho do bolso e colocou algo no sua mão, aproximou-se e passou a mão dele no meu nariz.
- Cheira, princesa.
Eu assim o fiz, todo o meu mundo se desligou, estava no céu, estava nas nuvens. Já não conseguia destingir o real do irreal. Não sei se ele me beijou ou se fui eu, sei que todo o meu corpo estava agarrado ao dele, eu não tinha força, eu sou movia os meus lábios e a língua dentro da boca dele, não sabia bem o que estava a fazer, mas estava a gostar.
- Tenho de ir, gostas te da cena?
- Ya gostei.
- Então aí tens, e se precisares de mais liga-me.
Ok, que raio eu acabei de fazer, eu curti com o Pedras, não podia estar em mim para fazer isto, mas gostei imenso, adorei sentir aquela adrenalina de coca mais os beijos dele. Conduzi até casa num estado lastimável, ainda não era eu. Deitei-me e só acordei no dia seguinte de tarde, pois precisava de descansar, eram demasiadas coisas para um dia só. Quando acordei a minha mãe estava na sala e chamou-me.
- Jéssica, precisamos de falar.
- Que se passa?
- É sobre a Ariana.
Ela sabia que eu não gostava de falar dela.
- Resolvi fechar o quarto da Ari a chave, não quero que voltes lá.
- Porquê?
- Acho que não te faz bem. Ontem estives-te lá e olha para ti. Já perdi uma filha não quero voltar a perder a segunda, estives te tão bem estes últimos meses, não deites tudo a perder filha.


continua

Amar Sem Preconceito 15

Para relembrar




Naquele momento o que mais precisava era do abraço dele, para ter a certeza que estava tudo bem, não sabia explicar mas estava cheia de saudades dele, eu tinha de o encontrar, estava escuro, o barulho dos passos iam-se aproximando, a minha vontade era fugir dali, mas queria ter a certeza se era ele. Escondi-me debaixo de uma árvore, pode ver que era ele, até no escuro o poderia identificar era inconfundível. O meu corpo lançou-se rapidamente para o lado em que ele estava, mas rápido me demovi e me voltei a esconder quando vi que estava acompanhado, não conseguia ver quem era ou se era rapaz ou rapariga. À medida que se iam aproximando os seus diálogos foram ficando cada vez mais explícitos, embora não consegui-se decifrar tudo o que diziam.
- Já te disse que não, acredita em mim.- Dizia ele.
- Achas que devo? - Perguntou uma rapariga, não podia acreditar que ele me desligou o telemóvel e estava ali com outra qualquer.
- Sim, esta tudo bem, vai ser tudo como antes e acabou.- Insistia ele virado de frente para ela, com jeito de imploração. Tentei ver quem era a rapariga mas não consegui, estava de costas para mim.
- Não quero ver ninguém a sofrer, ou não quero sofrer.- Não percebi muito bem o que disse devido à distancia.
Para mim era demais, chega. Quer dizer no momento em que eu decidi dar um passo vejo-o com outro a prometer mundos e fundos, não. Saí dali mas antes quis marcar presença, assim que comecei a correr, sem olhar para eles mas para verem que estava ali alguém, que eu sou alguém, que te, sentimentos e não quero ser tratada como um boneco, e voltar a ser a sua segunda opção como já o fui, na melhor das hipoteses aquele era a sua ex e voltaram, não me conformo. Cheguei a casa e corri para o quarto da minha irmã, deitei-me na cama a chorar.
- Ariana, eu preciso tanto de ti, dá-me um sinal, porra. Dizes-me o que foi aquilo, o que faço agora. - Implorei chorando deitada na cama. E assim adormeci, em cima da cama da minha irmã.
Quando acordei já o sol raiava na janela, e insistia em entrar, quando percebi onde estava constatei mais uma vez que desde que ela morreu nada mudou naquele quarto, nem a roupa da cama foi mudada. Abri uma gaveta para ver se encontrava lenços, pois tinha acordado a chorar, e qual é o meu espanto, ao ver aquilo dentro da gaveta da Ariana?